Por meio do Bispo da Diocese de Grajaú, Dom Franco Cuter, o Hospital São Francisco de Assis (HSF), recorreu ao Governo do Estado do Maranhão, com o objetivo de solucionar o impasse que resultou no fechamento no dia 12 de janeiro, da maternidade da unidade de saúde que há 68 anos presta serviços a Grajaú e Região.
A reunião teve a participação do secretário de estado da saúde, Dr. Marcos Pacheco, amigo de longa data do Dom Franco; o próprio bispo, o diretor do HSF, Aleksander Costa, a assessora especial do governador Flávio Dino, Simone Limeira; da secretária adjunta de estado, Rosângela Curado e do diretor do Hospital São Camilo de Balsas (MA), Samuel Kraus.
No encontro, o diretor do São Francisco, Aleksander Costa, disse ao secretário Marcos Pacheco que a maternidade fechou devido ao acordo assinado e descumprido pelo secretário municipal de saúde, Marquinho Jorge. O diretor declarou ao secretário de estado da saúde que era impossível continuar os serviços da maternidade sem um obstetra e um anestesista, o que equivale a R$ 120 mil por mês.
“Fomos muito bem recebidos pelo secretário de estado da saúde, Dr. Marcos Pacheco; ele conhece bem os nossos problemas e até já foi consultado no Hospital São Francisco pelo Frei Alberto Beretta quando era criança. Ele tem grande apreço pelo hospital e pela região”, disse Aleksander em entrevista ao Jornal Grajaú de Fato.
Após a reunião, o secretário Marcos Pacheco deu sinal positivo às reivindicações do HSF. “Ele se mostrou sensível ao nosso pedido que é ter os dois médicos, o anestesista e o obstetra. Se prontificou a ajudar e pediu que fizéssemos um ofício para repassar aos técnicos estudarem as nossas necessidades e na semana que vem estaria repassando algum sinal do que poderia fazer por nós”, destacou Aleksander.
Repasses diretos ao hospital
O diretor do São Francisco disse que na reunião colocou a possibilidade de que a ajuda, caso venha a acontecer, seja transferida diretamente na conta do hospital para que não haja nenhum problema nos repasses. “Ainda não sabemos como poderão ser os repasses, se via Prefeitura Municipal ou diretamente na conta do hospital. Depende do modelo de contrato. No Estado do Ceará o governo envia direto aos hospitais e isso é o que queremos, pois temos o compromisso de pagar os médicos e prestaríamos conta direto para o Estado”.
Sinal positivo
Aleksander Costa se disse contente com os objetivos da nova gestão do Governo do Estado do Maranhão, que na visão dele teria os mesmos objetivos da Sociedade São Camilo: melhorar a assistência social aos mais pobres. “Sabemos que no Estado tem os municípios com os piores índices de desenvolvimento humano do país e a prioridade do novo governo é melhorar esses índices. Nós temos o município de Fernando Falcão e Jenipapo dos Vieiras aqui próximos que o Governo quer melhorar os índices de desenvolvimento. E o mesmo nós queremos através da saúde. Nossa briga hoje é para ter os profissionais médicos aqui com a ajuda do município para atender os grajauenses e as cidades circunvizinhas. Quero agradecer também o Dom Franco Cuter que esteve muito preocupado, atencioso com os problemas e saiu de Grajaú à noite de ônibus para São Luís para participar da reunião. Foi ele quem abriu as portas do Governo para gente”.
Impasse
O problema chegou à situação em que está, segundo Aleksander, porque o Hospital São Francisco quer preservar a saúde da população. “O problema é de falta de profissionais. Chegamos ao ponto de não podermos fazer um parto sem ter um anestesista e um obstetra. Se não tiver esses dois não tem como fazer os serviços. O risco é grande para o paciente e para o hospital. Então queremos evitar isso. Se você for a Imperatriz hoje, é feito uma cesária por dois médicos”, justificou.
O mesmo foi confirmado pelo Dr. Jorge Luiz, médico ginecologista e obstetra há 20 anos que inclusive já trabalhou no Hospital Santa Neusa e há quase três anos atua no São Francisco. “O Hospital São Francisco tem uma estrutura melhor para atender em ginecologia e obstetrícia. Já passei pelo Hospital Santa Neusa, é um bom hospital, mas a demanda indígena dificulta os demais atendimentos. Eu trabalho com bom suporte e assessoria, com o apoio da Sociedade São Camilo e da direção do Hospital São Francisco. Nós esperamos que esse problema seja resolvido, pois eu como obstetra, preciso de um anestesista. Sem esse profissional nós nos arriscamos. O bem maior do médico é o paciente que tem que ser preservado. Não pode ser colocado em risco a saúde dele sem um anestesista”.
Vive um impasse parecido com o de Grajaú, o Hospital São Camilo de Balsas (MA), cujo diretor, Samuel Kraus, também participou da reunião em São Luís. O problema lá também é com a Secretaria Municipal de Saúde que não está pagando o médico pediatra. Kraus também pede ajuda do Governo do Estado nesse sentido.