Há 30 anos no Ministério Público Federal, a nova procuradora-geral da República, Raquel Dodge, tomou posse na manhã desta segunda-feira (18/9). Durante o discurso, a primeira mulher a assumir a chefia do Ministério Público Federal (MPF) fez um duro discurso contra a corrupção ao lado do presidente da República, Michel Temer, e dos presidentes do Senado e da câmara, Eunício Oliveira (PMDB-CE) e Rodrigo Maia (DEM-RJ), todos denunciados no Supremo Tribunal Federal pelo ex-procurador-geral Rodrigo Janot.
Durante sua fala, Dodge afirmou que o MP tem o dever de cobrar dos que gerenciam o gasto público que o façam de modo honesto, eficiente e probo, “ao ponto de restabelecer a confiança das pessoas nas instituições de governança”. A nova PGR escolheu uma fala do papa Francisco para criticar os corruptos.
“A corrupção não é um ato, mas uma condição, um estado pessoal e social, no qual a pessoa se habitua a viver. O corrupto está tão fechado e satisfeito em alimentar a sua autossuficiência que não se deixa questionar por nada nem por ninguém. Construiu uma autoestima que se baseia em atitudes fraudulentas. Passa a vida buscando os atalhos do oportunismo, ao preço de sua própria dignididade e da dignidade dos outros”, ressaltou Dodge citando o papa.
A nova procuradora também destacou a amplitude da atuação do MPF, que, além do combate aos desvios de recursos públicos, tem a função constitucional de preservar a dignidade do cidadão brasileiro e dar voz a quem não tem. “A dignidade humana é essencial para assegurar um futuro de paz no país e no mundo.O Ministério Público é o guardião do legado civilizatório, assegurando os princípios e normas que asseguram a liberdade do individuo”, afirmou Dodge, que também assume a chefia do Conselho Nacional do Ministério Público Federal.
A cerimônia durou cerca de 30 minutos e apenas Dodge e Temer discursaram. Após a solenidade, a nova procuradora permaneceu no auditório para receber cumprimentos das autoridades presentes.