A edição imprensa do Jornal O estado do Maranhão trouxe nesta quinta-feira (15) uma reportagem extensa na qual divulga a ação da deputada Andrea Murad (PMDB) ao Ministério Público Federal para que investigue a denúncia de propina envolvendo a ex-assessora do governador Flávio Dino em Grajaú, Simone Limeira, e o secretário de Assuntos Políticos, Márcio Jerry.

Segundo a matéria, a parlamentar protocolou a representação na Procuradoria da República em São Luís pedindo que o órgão apure os fatos denunciados por ela e pela imprensa no Maranhão.

Página 2 da edição impressa do Jornal O Estado do Maranhão desta terça-feira (15)
Página 2 da edição impressa do Jornal O Estado do Maranhão desta terça-feira (15)

“Nós estamos diante de um caso grave. Simone Limeira, então assessora especial do governador Flávio Dino, foi denunciada por pedir e receber propina para que fosse agilizada a liberação de recursos do transporte escolar para a região de Grajaú. E isso é um absurdo, diante da necessidade de crianças, principalmente indígenas, que necessitam do transporte para chegarem até a escola, um direito de toda criança, e que em meu ponto de vista estava sendo frustrado, violado por essa prática ilegal da Simone Limeira, conforme vimos noticiar lideranças indígenas durante protesto aqui na capital”, explicou a parlamentar.

Indígenas – A denúncia de que Simone Limeira havia recebido propina foi feita pelo próprio chefe da tribo, o índio Uirauchene Soares. Ele chegou a divulgar o comprovante do depósito bancário, de RS 4 mil, na conta da auxiliar de Flávio Dino. Ela alegou que o deposto seria um patrocínio ao Carnaval que ela promovia em Grajaú. Mesmo assim, pediu demissão, embora tenha mantido ligações com o governo do qual fazia parte.

Dias depois, Simone participou ativamente de uma agenda do próprio Flávio Dino em Grajaú, ocasião em que foi explícita a manifestação de carinho mútuo entre os dois, mostrada em fotos distribuídas à imprensa.

Márcio Jerry – A deputada Andrea Murad também representou contra o secretário Márcio Jerry pelo surgimento da denúncia de autoria de Uirauchene Alves e veiculada pela imprensa no Maranhão de que o secretário havia oferecido dinheiro pelo fim das manifestações dos índios que acamparam em frente ao Palácio dos Leões e na Assembleia Legislativa em protesto contra os atrasos no pagamento do transporte escolar.

“Na representação, estou propondo que seja instaurado um inquérito administrativo para apurar a denúncia, pedindo ainda esclarecimentos de todos os participantes nos fatos noticiados pela imprensa, principalmente Simone Limeira e Márcio Jerry. E eu tenho certeza que o MPF irá realizar as investigações necessárias para apurar os fatos e as provas apresentadas cumprindo assim com suas atribuições e zelando pelos princípios constitucionais”, esclareceu Andrea Murad.

Nenhum membro do governo se manifestou sobre as denúncias.

Aliada – Dois meses depois de ser denunciada por receber propina em troca de liberação de pagamentos do governo, a ex-assessora Simone Limeira demonstrou, em Grajaú, que ainda mantém forte relação com o governo. A ex-auxiliar, é apontada, inclusive, como candidata de Flávio Dino, à prefeitura de Grajaú em 2016.

Líder indígena chegou a temer pela vida após denúncia

O líder indígena Uirauchene Soares, que denunciou esquema de propinagem no governo Flávio Dino, disse temer pela vida. “Eu temo pela minha vida. Se algo me acontecer, eu responsabilizo os secretários Jefferson Portela e Márcio Jerry, pois até ameaçado já fui, mas seguirei defendendo os nossos direitos”, afirmou, à época da denúncia.

Em nota oficial emitida também na época da denúncia, Simone Limeira se disse vítima de “armação grosseira” e alegou haver pedido afastamento do cargo para provar sua inocência “em todas as instâncias que forem necessárias”.

Ela não comentou o teor das conversas que manteve com Uirauchene via aplicativo de troca de mensagens, mas garantiu que nunca teve ingerência nas decisões da Seduc sobre as questões indígenas.

“Na qualidade de assessora especial do Governo do Maranhão, tenho buscado mediar soluções sobre as demandas indígenas em geral […]. Ressaltando que eu não tenho poder decisório para essa questão, sendo a Secretaria de Educação responsável por tratar desse assunto em específico, jamais procurei a Secretaria de Educação para requerer pagamentos de quem quer seja”, defendeu-se.

Com O Estado do MA