ALINE RODRIGUES |
Nada é tão nosso quanto os desejos que carregamos em nossos íntimos.
E nada é mais humano do que o ato de se desejar algo.
A origem da palavra desejo, vem do latim desiderium, que significa “desaparecimento do astro”, a partícula des, traz um sentido de movimento descendente, e siderium (sidus) estrela, talvez isso explique o fato de ao vermos uma estrela cadente descer o céu já fazermos logo um pedidozinho básico aos Deuses.
Há também uma outra explicação em latim, que estaria ligada a frustração dos adivinhos na Roma antiga com a ausência de sinais que esperavam vir dos céus que respondessem aos seus questionamentos e nessa constatação descrente da ausência de respostas, literalmente desistiam das estrelas…
Há uma beleza triste nisso, mas confesso que chego a quase suspirar com a etimologia dessa palavra, que pra mim é pura poesia.
Por definição podemos entender que o desejo estaria sempre ligado a falta. É verdade que quase sempre desejamos o que não temos. Talvez por isso desejar seja frequentemente ligado a um aspecto negativo de ausência, mas particularmente eu creio que o desejo seja mais do que carência, seja especialmente essência.
Falo de algo muito diferente do desejo coletivo e igual que as mídias tentam nos empurrar goela abaixo, desejar é um ato solitário, singular e pessoal, que nos impulsiona e nos inspira.
Saber o que se deseja, é difícil, sustentar esse desejo no mundo real e fazer dele uma escolha é uma atitude de coragem.
Desejar é para todos, a felicidade de realizar um desejo é para poucos fortes e corajosos.
Então minha gente vamos lá, força e coragem, porque eu não sei vocês, mas eu não estou preparada para abrir mão dos desejos e menos ainda para desistir das estrelas.
*Aline Rodrigues é funcionária pública no Detran-DF. Filha do grajauense João Éden Rodrigues Lima.