ALINE LIMA RODRIGUES |
Recebi a “encomenda” de escrever algo para um amigo usar em uma aula para uma turma de crianças…
Meu Deus, quanta responsabilidade, não pensem que isso é uma tarefa das mais fáceis não, prender a atenção desses anjinhos tão inquietos, cheios de imaginação e de perguntas é algo que exige certo grau de criatividade para gerar algum interesse.
Fiquei matutando, matutando, e então resolvi escrever sobre algo que sempre me perguntavam quando eu era criança. É eu sei isso já faz um tempinho, mas podem acreditar que essa pergunta ainda é feita frequentemente nos dias de hoje.
Vamos lá à tal pergunta que todo mundo ouve quando é criança…
O que você vai ser quando você crescer?
Pra responder essa perguntinha danada de difícil, entrevistei algumas crianças que conheço.
Recebi respostas clássicas como jogador de futebol, bailarina, bombeiro, astronauta, cantora, outras lindinhas como princesa e homem de ferro; óbvias e simples como “grande né tia”, ou fofas e complicadas como “eu vou ser a minha mãe”, aliás, imaginem o tamanho da responsabilidade dessa mãe, se ela já não era agora vai ter que ser o melhor do melhor que ela puder ser, afinal, tem uma pessoinha ambicionando ser como ela, embora a gente saiba que não será exatamente isso o que ela vai querer daqui a algum tempo.
Sabemos, porque todos nós respondemos a essa pergunta um milhão de vezes quando pequenos de formas diferentes no decorrer da nossa infância, e adolescência.
É isso aí meninada. Vocês não precisam ter certeza, agora é o momento mágico da vida que vocês podem ser tudo o que quiserem. E nada de pressa para escolher, e quando isso acontecer, leve em conta a vontade de vocês e não a de nenhum adulto. Essas pressões para escolher a profissão infelizmente são comuns desde muito cedo em nossas vidas, o que não facilita nada. Já repararam que se fôssemos seguir a opinião dos nossos adultos mais próximos, seríamos todos médicos, ou advogados? Carreiras honradas sem dúvida alguma, mas vamos combinar que o mundo não poderia ser feito somente dessas profissões.
Fiquei tentando recordar como eram as minhas respostas; lembro que eu quis ser professora, atriz, cantora, cientista, bruxa, veterinária dona de um zoológico… Eu nunca quis ser princesa… Quis ser muitas coisas diferentes e hoje sou diferente de tudo o que eu quis ser, mas sei que a criança que eu fui, e que ainda está aqui guardadinha no meu coração, aprova, talvez com algumas ressalvas, o que eu me tornei. Porque embora eu não tenha me tornado nada do que eu tenha imaginado, não me esqueci da criança que eu fui um dia.
Em tempo, eu ainda adoraria ter um zoológico ou aprender alguns feitiços.
Voltando para as minhas respostas, deixei a melhor para o final: perguntei para uma menininha linda, chamada Ana Clara, o que ela queria ser, e ela com toda a naturalidade e pura sabedoria me respondeu: “Eu vou ser a Ana Clara”.
Vejam se eu posso com isso minha gente. Diante de uma resposta tão brilhante e cheia de personalidade no auge dos seus dois anos, a minha amiguinha disse tudo, e eu não só concordo como também quando finalmente crescer quero ser exatamente isso, eu mesma.
*Aline Rodrigues é funcionária pública no Detran-DF. Filha do grajauense João Éden Rodrigues Lima.