O que se vê hoje em Grajaú é uma preferência por políticas públicas desenvolvimentistas em detrimento de políticas voltadas à preservação do meio ambiente e ao bem-estar social. Isso pode ser comprovado de forma ocular: falta de saneamento básico (esgotos correm a céu aberto e desemborcam no rio Grajaú); lavagem de carros no balneário Canecão; desmatamento das matas ciliares e assoreamento do rio Grajaú; áreas verdes são devastadas pelas queimadas ilegais (muitas por falta de informação); dengue na época das chuvas; madeireiras e carvoeiras funcionando de forma ilegal (como denunciou a operação “Arco de Fogo”), etc. Esse contexto comprova a carência de desenvolvimento sustentável em Grajaú.
A ideia de sustentabilidade, ao contrário do que muitos pensam, não prejudica o setor produtivo, muito pelo contrário, tem como pressuposto o desenvolvimento igualitário dos planos econômico, social e ambiental. Esses planos estão imbricados uns ao outros, de forma que o sistema só se faz sustentável se houver desenvolvimento harmônico dos três.
Para tornar mais cristalina essa simbiose, imagine três círculos, um para cada plano. Se esses círculos tiverem diâmetros diferentes e estiverem equidistantes entre si, é sinal de ausência de desenvolvimento sustentável. Uma comunidade só atingirá a sua sustentabilidade quando tais círculos tiverem diâmetros iguais e forem concêntricos.
Assim, se houver mais investimento no plano econômico, por exemplo, este certamente se desenvolverá mais que os outros dois, mas em consequência, as mazelas geradas pela falta de investimento nos planos social e ambiental – aumento da violência, meio ambiente desequilibrado, perda de qualidade de vida, analfabetismo, etc – acabam por enfraquecer o lado econômico, que gastará mais com segurança privada, com indenizações de acidente de trabalho, com qualificação de mão-de-obra, com a baixa produtividade, etc; se, por outro lado, a atenção for majoritariamente voltada para a questão ambiental, haverá consequentemente encolhimento econômico e desemprego, causando prejuízo, também, no lado social.
E é esse contexto desequilibrado que se vê em Grajaú. O poder público está dando mais atenção para o lado econômico, e deixando para o segundo plano o lado ambiental e social. Isso é um falso desenvolvimento, uma vez que não leva em conta a ideia de sustentabilidade: desenvolver-se pensando no hoje, mas sem deixar de olhar para o amanhã.
Desenvolvimento sustentável, todavia, não se promove apenas com o braço do Estado, é necessária também a participação da sociedade civil. Ao Estado cabe promover e traçar diretrizes e políticas de sustentabilidade e àquela, atuar junto ao primeiro setor na elaboração e efetivação de tais políticas e diretrizes, bem como denunciar os descasos públicos junto aos órgãos e poderes competentes.
Também é responsabilidade da sociedade civil promover programas sociais que busquem a conscientização e a implantação de modelos de sustentabilidade de acordo com as características e peculiaridades de cada comunidade. Esse é um fato que também se faz presente em Grajaú. O terceiro setor grajauense, como um todo, tem uma atuação pífia no que se refere à promoção de ações de desenvolvimento sustentável.