A Agência Internacional para a Pesquisa do Câncer (AIPC), órgão ligado à Organização Mundial da Saúde publicou um relatório em que confirma que o agrotóxico Round Up (também conhecido como glifosato), produto fabricado pela multinacional Monsanto, é um agente potencialmente causador de câncer, mais precisamente o linfoma Non-Hodgkin.
Além disso, o relatório aponta o glifosato como potencial causador de alterações na estrutura do DNA e das estruturas cromossômicas.
Atualmente, o Brasil é o maior consumidor de agrotóxicos do mundo, sua classificação pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) em termos de toxicidade humana é de nível IV, o que o coloca apenas como ligeiramente tóxico.
Esta classificação agora se choca diretamente com o relatório da AIPC, e levanta dúvidas sobre quais outros agrotóxicos estão classificados de forma equivocada e para baixo em termos de seu potencial de causar danos à saúde humana.
O Ministério Público Federal pediu em março deste ano a suspensão do uso do glifosato. A medida visa obrigar a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) a reavaliar a toxidade de oito ingredientes ativos suspeitos de causar danos à saúde humana e ao meio ambiente.
O pedido de reavaliação foi feito pela própria Anvisa em 2008, que enfrenta como um dos principais entraves para a reavaliação do herbicida as ações judiciais, movidas pelas fabricantes do produto e associações para tentar barrar o processo.
Recentemente estudos publicados no International Journal of Environmental Research and Public Health sugeriram também a ligação do glifosato com a doença crônica renal de origem desconhecida (CKDu, na sigla em inglês), que afeta principalmente os produtores de arroz no Sri Lanka. Essa descoberta fez com que o país fosse o primeiro no mundo a proibir a venda e o uso do pesticida em todo o seu território.
Outros países, como a Holanda e El Salvado, preocupados com o aumento de doenças relacionadas ao uso do glifosato também começaram a promover sanções contra o pesticida.