FÚLVIO COSTA |
Antes de qualquer coisa é preciso dizer que não há nada gratuito no mais novo livro do jornalista Palmério Dória. Estou falando do livro “Honoráveis Bandidos” – título que apresenta ao leitor o cenário político nacional a partir de uma visão cujo foco central vai de encontro ao presidente do Senado, José Sarney. A começar do título, “honoráveis bandidos”, como bem explica Dória, é uma expressão criada por Karl Marx. Segundo o socialista, esses honoráveis são figuras que, de tempos em tempos afrouxam as fibras do chamado tecido social. “Conseguem sentar nas cadeiras mais insuspeitas, dignas das pessoas mais honradas. Emprestam seus nomes a ruas, escolas, edifícios públicos, rodovias e até cidades. São aqueles que de tanto triunfar na ignomínia, Rui Barbosa inculpa de levar gente honesta a ter vergonha de ser honesta”.
Além de Sarney, Honoráveis Bandidos, fala também de Roseana Sarney, Fernando Sarney, Sarney Filho e outras figuras da política atual e do passado, com outros sobrenomes diferentes desse. Um passado próximo e um mais distante, como exemplo, da época em que Fernando Collor foi presidente da república, ou mais longe, quando Getúlio foi o presidente também estão presentes na publicação, fresquinhos, para relembrar as mentes esquecidas.
Honoráveis Bandidos é um livro que não tem cerimônia de apresentar os verdadeiros corredores da política nacional. Cada página do livro de Dória é reveladora, intensa e na maior parte dos capítulos destaca os pobres da nossa política. Mas o que seriam podres na política deste país? Aqui, alguns itens da lista apresentada por Palmério Dória: corrupção, formação de quadrilha, nepotismo, pagamento de propina, apropriação de bens públicos e tantos outros. Outro fato que chama atenção em Honoráveis é a coragem e a profecia de seu autor. Em tempos em que o jornalismo da grande imprensa é comprado para poder sobreviver, Palmério Dória surpreende por revelar bastidores da política que não cabem em páginas diárias de jornais. Ou pelo tamanho do texto ou pela linha editorial de nossos principais veículos de informação da atualidade.
Quem sabia que Roseana Sarney vai de vez em quando para os Estados Unidos jogar um pouco para esfriar a cabeça? Gastar alguns milhões no poker? Ou que José Sarney tem uma ilha só sua no Maranhão? E que Alexandra, a Grande, [esposa de José Reinaldo, ex-governador do Maranhão] já colocou Roseana para correr do Palácio dos Leões? Esses são alguns dos bastidores de Honoráveis Bandidos.
Para completar, o autor fecha a obra com um epílogo cronológico que começa em 1929 e termina em 2009, com o título “O Brasil e o mundo em 80 anos de José Sarney”. O livro de Palmério Dória vale a pena ser lido, mais ainda se o leitor tem a saudável curiosidade de conhecer um pouco mais da conjunta política brasileira.
*Fúlvio Costa é jornalista