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Sem confronto, candidatos tiveram mais tempo para defender suas ideias em debate realizado por entidades católicas em Brasília

Nada de novo no debate organizado por entidades católicas, com o apoio da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) entre os presidenciáveis que aconteceu na noite desta quinta-feira, 23, na Universidade Católica de Brasília (UCB) e contou com a participação dos quatro candidatos que têm representatividade no Congresso Nacional: Dilma Rousseff (PT), José Serra (PSDB), Marina Silva (PV) e Plínio de Arruda Sampaio (PSOL).

Os candidatos reafirmaram suas posições e seus planos de governo, caso venham a ser eleitos no dia 3 de outubro. O diferencial veio do próprio debate que evitou o embate direto entre os candidatos e cedeu mais tempo para eles formularem e responderem às perguntas elaboradas pelas entidades organizadoras do evento. O modelo foi bastante elogiado pelos próprios candidatos que disseram que o formato possibilita melhor exposição de ideias.

Logo na primeira pergunta, “Quais suas três prioridades caso seja eleito?” formulada aos três candidatos, houve preocupação dos candidatos em deixar evidente a sua simpatia pelo cristianismo, de modo particular ao catolicismo.

“Fui um verdadeiro militante da juventude católica, participei de grupos como JUC (Juventude Universitária Católica), JEC (Juventude Estudantil Católica) e meu trabalho está pautado nessa vivência: nosso plano de governo atende à opção preferencial pelos pobres, não dos ricos como fazem a maioria. Precisamos de uma enorme distribuição das riquezas aos pobres. Farei, também, com a ajuda da Comissão Pastoral da Terra (CPT) a Reforma Agrária”, disse Plínio de Arruda Sampaio.

Marina Silva, por sua vez, fez questão de dizer que seu plano de governo foi elaborado muito antes das campanhas começarem e agradeceu aos organizadores do evento por realizarem “um debate e não um embate entre os candidatos à presidência da República”. Em resumo, ela disse quais são suas três prioridades: “educação para a sociedade do conhecimento, proteção através da saúde e ampliação dos programas sociais, como o Bolsa Família”.

As três prioridades da candidata do Partido dos Trabalhadores, Dilma Rousseff, vai na linha da saúde e educação. “Vou dar qualidade à educação brasileira através da valorização do professor, quero também interiorizar as escolas técnicas e universidades para que haja igualdade de oportunidades nesse país; quero universalizar o sistema Samu e suas unidades de proteção e atendimento pelo Brasil; para concluir, vou proteger a saúde de nossos jovens”.

Para concluir a rodada da primeira pergunta, José Serra fechou com a apresentação das suas três prioridades: “Primeiramente quero dizer que não sou cristão de véspera de eleições, como fazem alguns, e que encaro o cristianismo como uma prática importante da minha vida. Eu acredito nisso profundamente. É preciso dizer que o nosso norte é o da verdade e o da justiça”, alfinetou.

“Minhas três prioridades são: educação, segurança e saúde. Essa é a base do meu governo, que será sustentada, é claro, por uma economia forte para investir nessas áreas”, completou.
Ao longo do debate, que teve início às 22h e seguiu até as 00h00 devido ao atraso de meia hora, os candidatos responderam sobre os mais diversos assuntos: pré-sal, reforma tributária, educação, saúde, fortalecimento da economia, aborto, cultura da paz, segurança, igualdade social, corrupção e meio ambiente.

Cada pergunta foi elaborada por uma entidade organizadora do debate, que era respondida por um candidato em 3 minutos, comentada por outro candidato sorteado em 90 segundos e a réplica feita em 30 segundos.

A Associação Nacional de Educação Católica (ANEC) perguntou a Dilma se a política ia conseguir retirar das ruas do país crianças dentro de quatro anos. “O país sempre será julgado pelo que fez às suas crianças e jovens”, disse. Ela afirmou que para concretizar isso é preciso reduzir a pobreza. “Crianças morrem nesse país nos primeiros 28 dias de vida. Eu vou fazer 6 mil creches para amenizar essa situação. Quero que nossas crianças tenham nos primeiros anos de vida acesso às formas de conhecimento. Isso é importante para que não se eduque as crianças através da repressão quando elas crescem e tudo será realizado em parceria com as Igrejas que já fazem esse papel”, sublinhou.

Serra comentou destacando dois pontos: “Para realizar esse plano nós vamos fortalecer o Programa Saúde da Família e combater o contrabando de drogas”.

O secretário geral da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), dom Dimas Lara Barbosa, disse a Marina Silva que tem ouvido que a candidata defende o aborto, mas que sua defesa é barrada com as ideologias do seu partido. Ele questionou como Marina pretende tratar esse conflito, caso seja eleita.

“Defendo a vida como princípio e faço isso independentemente da religião que professo. Em nenhum momento meu partido me disse algo que fosse contra o que acredito. Faria por questão filosófica e humana. Eu não defendo o aborto e para resolver essa polêmica situação eu faria no meu governo um plebiscito para que a sociedade debata com clareza o ponto”, disse Marina. Ela afirmou ainda que o Congresso Nacional pode chegar a um consenso mais rápido sobre o assunto.

Dilma comentou o assunto defendendo que é contra o aborto. “Minha posição é clara sobre o assunto e não sou favorável ao aborto. É uma questão de saúde pública e de defesa da mulher”.
Na réplica, Marina voltou a reafirmar que em seu governo será feito um plebiscito sobre o tema polêmico.

No tema educação, o reitor da Universidade Católica de Brasília, Romualdo Degasperi, perguntou a Plínio como será a educação superior no seu governo entre universidades públicas e particulares. Plínio defendeu a universalização do ensino público e desconsiderou as universidades particulares. “A educação pública é uma preocupação do governo, mas as particulares não. Uma universidade cara para ‘burro’ como esta [Católica] no meu governo será desapropriada. Não podemos aceitar o abastardamento de nossas universidades públicas e o Lula fez isso malandramente nos seus dois governos”, alfinetou Plínio, retirando palmas e gargalhadas da platéia.

Marina respondeu dizendo que pode haver um modelo de coexistência entre universidades públicas e particulares. Ela defendeu um retorno imediato para a sociedade através das universidades e disse que as católicas são pioneiras nesse ponto. Na réplica, Plínio lembrou Marina que não haverá 10% do PIB para as universidades.

O debate encerrou com aplausos e uma clara defesa da candidatura de Marina Silva, por parte da platéia. “Brasil, urgente, Marina presidente”, cantaram os presentes.

Por Fúlvio Costa

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