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Artigo: O que tem pra hoje?

ALINE RODRIGUES

O que tem pra hoje? Fizeram-me essa pergunta outro dia, e eu confesso que não soube o que responder, me senti meio pressionada pela expectativa ansiosa por notícias empolgantes, novidades excitantes, que estava contida na pergunta, e francamente eu não tinha nada de fenomenal a relatar.

Pensei em responder um eu sei lá o que tem pra hoje, ou pra amanhã, não sei nem se eu posso dizer o que teve ontem meu amigo, mas me pareceu uma resposta meio mal educada e até um pouco recalcada.

Então fiquei com um simples e nada comprometedor não sei. Sei que nem todos os dias podem ser excepcionais, fantásticos e perfeitos, na verdade a maior parte deles é feita de mesmices que nos consomem, e da rotina esmagadora que nos controla e sufoca.

Mesmices e rotina que esbravejamos querer mudar, mas que ao mesmo tempo, conscientemente ou não, colaboramos para manter exatamente como estão, resistindo, sabotando, dificultando qualquer mudança que queira dar o ar de sua graça.

Não sei se dias perfeitos podem existir, eu na verdade nunca acreditei em nada perfeito, então  ideia mais próxima de perfeição, que posso ter, imagino dias em que não fiquemos contando as horas para que cheguem logo ao fim.

Ver a vida passar numa sucessão de dias sempre iguais, com manhãs feitas de nada e tardes ausentes de tudo,  é triste demais, é desperdício demais e viver de menos.

Cada amanhecer traz em si tantas possibilidades que nem mesmo o maior dos pessimistas pode ignorar as oportunidades que cada novo dia pode proporcionar.

Na correria do dia a dia, sem muitas vezes nem sequer vermos o tempo passar, não conseguimos parar e pensar no que sentimos, naquilo que verdadeiramente queremos e precisamos, fazemos tudo depressa, só nos esquecemos de ter pressa com as nossas urgências que estamos sempre adiando, deixando pra depois e quando percebemos o dia se foi, o mês passou, o ano acabou, e parece que nada de realmente importante aconteceu.

Mas podem acreditar, os dias acontecem, a vida acontece, independente de qualquer consentimento ou de qualquer um de nós. Afinal só porque não estamos vendo, não quer dizer que não está acontecendo.

Enfim, eu continuo sem saber o que tem pra hoje, mas se eu puder escolher, então o que eu quero pra hoje e para todos os amanhãs é chegar ao fim de cada dia e saber que tive um gesto de amor para com outra pessoa e para comigo mesma, que sorri e que fiz alguém sorrir também, que sonhei, que realizei, que vivi.

E aí o que tem pra hoje, tá bom pra você?

*Aline Rodrigues é funcionária pública no Detran-DF. Filha do grajauense João Éden Rodrigues Lima. Artigo publicado no jornal impresso, edição 18

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