A Comissão Pastoral da Terra (CPT) da diocese de Grajaú divulgou nota na última semana sobre a expulsão de 20 famílias que residem há mais de 20 anos no povoado Lagoinha, município de Grajaú, numa área de 668 hectares.
No texto, a CPT lamenta que o fato tenha sido protagonizado pela juíza da Comarca de Amarante do Maranhão, Drª Ana Beatriz Maia, com a colaboração do juiz da Comarca de Grajaú, Dr. João Pereira Neto.
“O processo concedeu uma liminar de quatro dias para a execução do despejo das famílias e no quarto dia o mesmo [Dr. João Pereira Neto] convocou a policia local para retirar os lavradores”, diz a nota.
Segundo informações do texto, após inspeção judicial na área, os interessados na terra conversaram com os lavradores e, diante da situação das famílias “resolveu mudar a ideia mandando que os lavradores voltassem para dentro da terra”.
O texto acrescenta, porém, que o propenso comprador das terras seria o marido da juíza Ana Beatriz, o senhor Glen Anderson Maia, que desencadeou a seguinte situação: “[…] de maneira violenta derrubou com tratores as casas e espantou os 58 gados dos lavradores, causando terror nas crianças e nas famílias”.
Ainda de acordo com a nota da CPT diocesana, foi verificado pelo INCRA que metade da área não tinha licença ambiental para realizar o desmatamento. Foi descoberto também que a área pertence ao Banco do Bradesco. Beatriz está em busca das terras porque pagou 20% do valor do imóvel, o que significa que a área ainda não pertence ao casal Maia.
O fato foi parar no Tribunal de Justiça do Maranhão (TJ-MA) que agora decidiu efetivar a expulsão dos lavradores. “São esses os juízes que estão nas nossas comarcas, que, ao invés de aplicar as leis, são os primeiros que desrespeitam as mesmas, aumentando a opressão e a exploração do povo mais pobre e humilde”, completa a nota.